domingo, 3 de agosto de 2008

Em Vivo Contato

Não deixa de ser interessante pensar que o processo iniciado pela curadora geral da 27º Bienal de São Paulo, Lisette Lagnado, intitulada Como Viver Junto levantou questões que estão sendo ampliadas pelo curador da 28º Bienal de São Paulo, Ivo Mesquita.
Em Vivo Contato, mais conhecida até agora como a Bienal do Vazio, a mostra que se inicia em outubro já nasceu polêmica por ter como proposta inicial realizar uma bienal sem obras de arte. Dividida em três espaço (praça, o vazio e biblioteca) a mostra tem como objetivo ser uma pausa, uma quarentena que propõe um exercício de avaliação, auto reflexão e crítica não só da Bienal de São Paulo mas do próprio modelo de bienal em si.
Que a Fundação Bienal está em crise e precisa de mudanças estruturais e conceituais não é nenhuma novidade e por isso a idéia de levar essa discussão a público como obra é no mínimo divertida.
Em Como Viver Junto a curadora geral buscava abordar a “crise da representação” buscando “conferir uma dimensão política a uma mostra tão importante para a cidade, o Brasil e o mundo.” E sua mostra já entrou com ares de renovação ao realizar o fim da representação nacional e a residência de artistas no Acre. Um dos objetivos de Lisette Lagnado era a volta da importância do educativo dentro da mostra ponto que Ivo Mesquita também busca em sua curadoria e procura soluções ao propor um segundo andar vazio como espaço de desenvolvimento de atividades, um espaço vazio como incubadora de processos e potências criativas surgidas a partir da intuição estimulada no espaço térreo/praça e da razão desenvolvida no terceiro andar/biblioteca.
Se Lagnado encontrou em Hélio Oiticica um paradigma conceitual que buscava “liquidar a representação para superar o modelo de exposições”, Mesquita busca através da volta do prédio como projetado por Oscar Niemeyer como um começo de mudança. Renovar o prédio de modo que o térreo se transforme em uma praça de maior interação entre cidade e Bienal é a maneira que propõe para esquentar a relação entre Bienal e público.
“Se a praça no térreo é o espaço do encontro, da energia epidérmica, sob a regência da intuição e dos sentidos, o conjunto do terceiro andar é o território da razão, o tempo e o lugar do registro da experiência, de colher e sistematizar o conhecimento, e por em prática uma reflexão organizada.”
A importância que Lagnado deu aos seminários, que eventualmente renderiam publicações coisa que não aconteceu por questões administrativas e financeiras, Mesquita dá ao jornal/catálogo. A idéia de um jornal/tablóide que rompe as barreiras do prédio e sai às ruas de maneira gratuita e vai de encontro aos munícipes é complementar à questão da praça como espaço onde se conquista o público.
Embora a idéia inicial fosse uma mostra sem obras, o curador acabou optando sim por realizar uma exposição articulada a partir de arquivo, de documentos, da problematização do próprio prédio e de tudo o que o acontecimento Bienal desencadeia na cidade.
Oiticica e Lisete falavam no “desaparecimento gradual da figura do artista”, ao que parece Ivo Mesquita em sua 28º Bienal desaparece realmente com a figura do artista ao desenvolver um projeto curatorial em que o manifesto é muito mais importante que a própria obra já que até o presente momento muito foi dito e escrito sobre o assunto e nada relativo às obras que irão comunicar com o vazio.

Claro que o texto acima foi escrito antes da publicação da lista de artistas da 28.ª Bienal de São Paulo

ALEXANDER PILIS (Rio de Janeiro, Brasil, 1954)
ALLAN MCCOLLUM (Los Angeles, EUA, 1944)
ÂNGELA FERREIRA (Maputo, Moçambique, 1958)
ARMIN LINKE (Milão, Itália, 1966)
ASSUME VIVID ASTRO FOCUS (Baseado em Nova York e Paris)
CARLA ZACCAGNINI (Buenos Aires, Argentina, 1973/ São Paulo)
CARLOS NAVARRETE (Santiago, Chile, 1968)
CARSTEN HŒLLER (Bruxelas, Bélgica, 1961)
CRISTINA LUCAS (Jaén, Espanha, 1973)
DORA LONGO BAHIA (São Paulo, Brasil, 1961)
EIJA-LIISA AHTILA (H‰meenlinna, Finlândia, 1959)
ERICK BELTRÁN (Cidade do México, México, 1974)
FERNANDO BRYCE (Lima, Peru, 1965)
FISCHERSPOONER (Formado em Nova York, EUA, 1998)
GABRIEL SIERRA (San Juan de Nepomuceno, Colômbia, 1975)
GOLDIN+SENNEBY (Formado em Estocolmo, Suécia, 2004)
IRAN DO ESPÍRITO SANTO (Mococa, Brasil, 1963)
ISRAEL GALVÁN (Sevilha, Espanha, 1973)
JAVIER PEÑAFIEL (Zaragoza, Espanha, 1964)
JOÃO MODÉ (Resende, Brasil, 1961)
JOAN JONAS (Nova York, EUA, 1936)
JOE SHEEHAN (Nelson, Nova Zelândia, 1976)
LEYA MIRA BRANDER (São Paulo, Brasil, 1976)
LOS SUPER ELEGANTES (Formado em São Francisco, EUA, 1995)
MABE BETHÔNICO (Belo Horizonte, Brasil, 1966)
MARINA ABRAMOVIC (Belgrado, ex-Iugoslávia, 1946)
MATT MULLICAN (Santa Mônica, EUA, 1951)
MAURÍCIO IANÊS (Santos, Brasil, 1973)
MIRCEA CANTOR (Oradea, Romênia, 1977)
NICOLÁS ROBBIO (Mar Del Plata, Argentina, 1975)
O GRIVO (Formado em Belo Horizonte, Brasil, 1990)
PAUL RAMIREZ JONAS (Pomona, EUA, 1965)
PETER FRIEDL (Oberneukirchen, Áustria, 1960)
RIVANE NEUENSCHWANDER (Belo Horizonte, Brasil, 1967)
RODRIGO BUENO (São Paulo, Brasil, 1967)
RUBENS MANO (São Paulo, Brasil, 1960)
SARNATH BANERJEE (Calcutá, Índia, 1972)
SOPHIE CALLE (Paris, França, 1953)
VALESKA SOARES (Belo Horizonte, Brasil, 1957)
VASCO ARAÚJO (Lisboa, Portugal, 1975)

E além de questões de Bienal, essa semana teve o Dia do Orgasmo, para os desinformados foi 31 de julho. E juro que esperava que nosso querido Thiago Roque, que um dia já sonhou ser ator pornô, discutisse o assunto. Mas tudo bem, está perdoado com seu bom texto de 5º. Ah, e aos curiosos, a semana foi boa. Bem boa!

3 comentários:

Anônimo disse...

Janaina:
Cada dia melhor, hein?
Bjs
Rosa Bertoldi

Camilla Tebet disse...

Muito bem... belo texto.. podes ser crítica de arte.. aliás, podes ser o que quiseres.
Beijos

Anônimo disse...

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