
Essa semana vi dois filmes que gostei em níveis diferentes e ambos me fizeram chorar. Claro que questões hormonais têm me feito chorar com quase tudo mas isso não vem ao caso.
Finalmente vi Um beijo roubado (My Blueberry Nights, 2007) com roteiro e direção de Wong Kar Wai em dvd e engatei Separados pelo casamento (The break up, 2006) com direção de Peyton Reed na televisão.
Os dois são incrivelmente diferentes embora tenham como tema o amor e sejam tocantes cada um a sua maneira. O filme de Wai é lindo com sua estética característica de silêncios imensos, espaços vazios, incomunicabilidade e solidão. Havia gostado de 2046 e Amor à flor da pele e amei Minhas noites de mirtilo, título original que faz muito mais sentido à busca de Elizabeth (Norah Jones) e sua conexão imediata com Jeremy (Jude Law) do que o título em português.
O filme é intenso, emocionante, o elenco sensacional, a trilha linda e o roteiro verossímil em sua estranheza e doçura. Chorei mais porque o filme é lindo e mostra um lado da vida, do amor, da necessidade física que temos de nos conectar, de acreditar nas pessoas de um modo impressionante do que pelo final.
Separados pelo casamento (The break up, 2006) com direção de Peyton Reed e roterio dos iniciantes Jeremy Garelick e Jay Lavender foi um filme feito sem nenhuma ambição artística a não ser o de blockbuster com Jennifer Aniston. E surpreende ao ser uma comédia romântica estranhamente realística já que mostra um casal longe de perfeito que embora se ame luta com suas diferenças. A personagem de Aniston é uma mulher com todos os defeitos que afligem a maior parte das mulheres quando em relacionamento, ou seja, é chatinha, exigente, pentelha, ciumenta, insegura, insatisfeira e o personagem de Vince Vaughn é nada mais nada menos que um homem com H maiúsculo. A química entre os dois, que sabidamente era real, é ótima, as dificuldades que eles vivem são facilmente identificáveis e o final surpreende. Não há final feliz quando se trata de amor. Quando muito há final. Chorei. Chorei por me identificar muito com a chatinha e ver que às vezes não adianta, o buraco é realmente muito mais embaixo e não importa o quanto se lute, a coisa não vai dar certo.

Inclusive essa semana tive uma experiência engraçada. Estou cansada e um dos meus primeiros sintomas de cansaço é baixa tolerância a barulho. Fico chatinha com barulho, deixo o celular no vibra o tempo todo, não ligo o som ou a TV a menos que necessário. Curto o silêncio afinal meu trabalho envolve muito barulho. Então metade do tempo não atendo o celular que vibra.
Então recebi um recado. Era esse cara por quem eu tive uma paixão estranha nos últimos anos. Coisa que ia e voltava e que recentemente eu exorcisei de vez. E retornei a ligação. E conversamos por horas mesmo que sabendo que não quero mais nada com ele e que ele já deve estar em outra também. Conversamos casualidades e foi ótimo. Só isso.