domingo, 20 de julho de 2008

De príncipes com ou sem cavalo

Era a terceira tentativa de manobra. Já estava em vias de desistir quando uma voz disse:
- Desce.
- Oi?
- Desce.
Desceu. Não, meus caros, não era assalto. Estava dentro de sua garagem do prédio e o mandante era o morador de alguns andares abaixo do seu. Já o havia notado no elevador antes, já havia até ajudado-o com mala e compras certa vez por isso sabia o número do seu apartamento.
Ficou perplexa. Muda. Desceu do carro num misto de indignação e desejo. Gente, desculpa, mas quem nunca sonhou com o príncpe no cavalo branco não é mulher. E lá estava ele, o príncipe sem o cavalo mas de terno e gravata, pasta, chave do carro e saquinho amassado da Casa do Pão de Queijo, lhe entregando tudo e entrando no seu carro... para ajudar a manobrar.
Manobrou. Em dois segundo seu carro estava fora da vaga desconfortável. Tirou a chave da ignição e a entregou pegando de volta suas coisas. Calado.
A dama ainda perplexa agradeceu. Sem reação mas com o batimento cardíaco alterado.
E lá se foi ele, rumo o horizonte seguiu o príncipe, exatamente como apareceu. Sem cavalo mas de terno e gravata, pasta, chave do carro e saquinho amassado da Casa do Pão de Queijo e monosilábico. Enigmático.
Se apaixonou é claro. Que mulher não se apaixonaria pelo belo estranho semi mudo e meio rude que a salvou do perigo?
Lembro até hoje quando vi Connan - o bárbaro pela primeira vez. Vamos combinar que o Arnold Schwarzenegger é um homem bem feio e estranho, mas quando ele salva a mocinha loira e linda no filme a gente se encanta. Tenho certeza que a Kennedy só casou com ele por isso. Assim como as mulheres parecem vir com programação de fábrica para desenvolver interesse pelos homens errados, elas também vêm com um genezinho errático que adora um homem que a salve do perigo, a pegue pela mão e/ou no colo.
Foram anos de feminismo e nada disso mudou porque é genético! E nem toda a Susan Sontag do mundo muda gene. Quem nunca olhou diferente para um amigo só porque ele te segurou pela mão para te ajudar a atravessar um bar lotado de malucos em segurança que atire a primeira pedra. Quem nunca se interessou por um maluco só porque ele comprou uma briga por sua causa? É daí que surgem esses casamentos a la Ana Maria Brega com o segurança que eu não lembro o nome.
Mas voltando, no momento piso em nuvens e pretendo fazer tocaia no subsolo me colocando em situações onde ele, o príncipe sem cavalo mas de terno e gravata, pasta, chave do carro, saquinho amassado da Casa do Pão de Queijo e monosilábico, possa ser o Fred da minha Daphne, que diga-se de passagem é mestra em ser a "dama em perigo" sempre muito bem vestida e penteada. E sempre é salva pelo Fred que é engomadinho mas comparece.
É isso, boa semana a todos.

4 comentários:

Rosa Bertoldi disse...

Menina, mulher é boba, mesmo. Além desse, tem mais um princípe (de verdade) soltinho na praça.
Parabéns!!!!!!!!
Rosa

Camilla Tebet disse...

QUe verdades. Que mulher não quer um cara que a protega, que dê a mão, que carregue as compras, que abra a porta do carro, que quebre a cara de alguém por ela, que tire o casaco e dê pra ela numa noite fria, que ajoelha-se se for pedi-la em casamento (não precisa tanto né??).
Concordo, quem diz que não mente! mente mesmo. E é uma merda se tivermos que abrir mão dessas necessidades pra nos provarmos forte.
Eu sou forte,mas preciso de ajuda pra abrir o pote de doce de abóbora diet.
Bjos

Alan de Faria disse...

adorei o texto! hum... nunca comprei briga por menina alguma, mas já salvei uma série em baladas lotadas até o bar... e olha que já deu certo... risos
saudades (trucidadas daqui a pouco!)
beijos
se cuida!

Alan de Faria disse...

ahhhhh e, na mão dele, percebeu algum objeto estranho? rs